Volta, Cuca, o Santos precisa de você (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

No dia 22 de fevereiro de 2021, escrevi neste espaço uma carta ao técnico Cuca. O título era “Obrigado por tudo e até nunca mais”. O texto está aqui para quem quiser ler!  Menos de dois anos depois, volto a esse espaço para escrever outra carta, pedir desculpas pelas palavras e suplicar pela sua volta, Cuca.

Me desculpe por sonhar e acreditar em um Santos de vanguarda, com práticas mordenas, com uma política de contratação bem definida, com processos claros no departamento, com um clube super profissional. Me parece que essa nunca será a nossa realidade.

Eu sei que muita gente acabou se apropriando por aí, mas eu fui o primeiro a dizer que você, Cuca, era o “treinador do caos”. Fui o primeiro a brincar com a “ciranda, cirandinha” antes dos treinos.

Reclamei de você ter promovido o Brayan Kruger depois de ver 30 minutos de um jogo do Sub-20 e colocá-lo em campo contra o Ceará na Copa do Brasil porque precisava de “bola aérea”. E o titular do Sub-20, que você não promoveu na época, era o Bruno Marques.

Critiquei a contratação do Felippe Cardoso, que chegou machucado e nunca mostrou a menor condição de defender a camisa do Santos (e estará de volta em 2023).

Reclamei demais de você ter inventado Wellington Tim na final da Libertadores depois dele ter jogado menos de um jogo no profissional.

Te xinguei. Nossa, como te xinguei quando você foi se enrolar com o Marcos Rocha.

Mas sabe, Cuca. Tenho que te pedir desculpas.

Você é o cara certo para o Santos em 2023. O Santos com o qual sonho não aparece no nosso horizonte.

Nesses quase dois anos desde a sua saída, o caos só aumentou no Santos.

Foram dois anos lutando contra o rebaixamento no Paulista, dois anos na segunda parte da tabela no Brasileirão, vexame diante do maior rival na Copa do Brasil.

Cuca, o Santos conseguiu ser eliminado pelo Deportivo Táchira, da Venezuela, em casa, pela Copa Sul-Americana.

Fora de campo, tivemos sete treinadores ocupando o lugar que precisa ser seu, Cuca.

Diretores de futebol tivemos alguns e agora temos o presidente Andres Rueda na função.

Acompanhamos contratações sem nenhum critério, removações sem o menor sentido, uma zona.

Cuca, em 2023 nós teremos o último ano da gestão de Rueda, que já declarou que não pretende se candidatar à reeleição (e nem teria chance numa eventual disputa). O segundo semestre terá aquela agitação política que você já conhece bem. O nível do Brasileirão vai aumentar bastante.

Muitos torcedores como eu querem se iludir sonhando com um clube que tenha um projeto esportivo, um departamento de futebol que funcione, um treinador que seja o supra sumo da inovação e modernidade.

Isso é besteira, Cuca.

Primeiro porque em um ano não se constrói nada.

Segundo porque quem escolhe os “engenheiros” sabe absolutamente nada sobre as obras.

Você é o cara certo para 2023, Cuca.

Só precisamos terminar o ano bem e torcer para que os sócios façam boas escolhas em dezembro.

Volta, Cuca, que até eu entro na “ciranda, cirandinha” contigo.

PS (Para deixar claro aos que não entenderam)

*Cuca não é o técnico dos meus sonhos, assim como o Santos de hoje não é o dos meus sonhos. Hoje um parece feito para o outro.