Time do Peixe contra o Boca Juniors (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Por Uilson Santos, especial para o Espaço do Torcedor do DIÁRIO DO PEIXE

Um Paulistão pra ser esquecido, um elenco repleto de meninos, uma diretoria atrapalhada, o clube novamente sem dinheiro pra contratar, os melhores nomes partindo, a chegada de um técnico que paira sobre ele muitas incertezas e o temor de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, que não tem respeitado a tradição e nem o peso das camisas.

A descrição poderia ser muito bem o resumo da situação do Santos no ano de 2002, mas 19 anos depois, esta é a realidade vivida pelo clube, que há menos de quatro meses, acabou de ser vice da Libertadores, mas que carrega uma quantidade absurda de problemas e dúvidas, que parece que os dias de glórias e bom futebol estão apenas nas páginas das memórias dos mais antigos.

As semelhanças são muitas, mas será que o final vai ser tão feliz quando o clube tinha Robinho, Diego, Elano, Renato e companhia como protagonistas?

Em 2002 o Santos não passou para segunda fase do paulista, ficou vários meses sem jogar o que deu tempo para o técnico Leão, (que havia sido defenestrado da seleção, um ano antes- subido no avião técnico e descido desempregado – , após uma pífia participação na Copa das Confederações em que apostou em jogadores que atuavam no Brasil e deixando os medalhões estrangeiros de fora). E sem espaço no mercado, acabou chegando ao clube como uma aposta. Com a Copa do Mundo em que o Brasil seria Penta, pôde conhecer e lapidar o elenco que tiraria o clube da fila em dezembro.

Este ano, após fazer a sua pior campanha no estadual e flertar com um possível rebaixamento, o Santos acabou de trazer Fernando Diniz. Um técnico moderno, ousado, em franca evolução na carreira, com muitos defensores e igual quantidade de detratores, mas que até o momento, não conseguiu um título de relevância.

O seu melhor trabalho, além de fazer suas equipes jogarem um bom futebol, de posse de bola, envolvimento dos adversários, procurarem sempre o ataque e com a temível saída de bola com goleiros jogando com os pés, foi a boa campanha no Brasileiro de 2020 com o São Paulo, mas que viu uma vantagem absurda na liderança, virar pó depois de enfrentar problemas internas com o elenco e diretoria que ficou evidente em uma partida com o RedBull Bragantino ao ofender xingar, diante das câmeras, o meia Tchê-Tchê: “perninha, mascaradinho”…

Depois da fracassada passagem de Ariel Holan, terceiro estrangeiro que inicia uma temporada no Santos de forma consecutiva, Diniz, brasileiro, chega para dar jeito ao caos que está o clube com um departamento de futebol sem liderança. Na sua apresentação, ele disse coisas que dão algum alento, como que faz reflexão sobre o seu último trabalho; que gosta de colaborar na evolução de jogadores; que entre trazer um atleta que vai demorar a dar resultados e apostar na base, prefere a segunda alternativa; e que valoriza muito mais suas convicções a dar ouvidos as críticas de fora; e que vai pedir contratações pontuais – em 2002 o centroavante Alberto, que encaixou como uma luva naquele time de meninos, foi a aposta pontual.

Não sei se só falou para passar na entrevista de emprego, mas gostei do que ele falou. Isso é tudo que o bagunçado Santos precisa para encontrar um norte nesse segundo semestre de 2021. Um técnico que entenda as carências e necessidades e antes de tudo dê tranquilidade a quantidade de meninos do elenco, acho que até mais do que em 2002, pois mostrou que tem qualidades e como sempre acredito a solução dos problemas do Santos está dentro Santos

Terá algum tempo, mas não tanto quanto Leão teve, vai ter que lapidar jogadores, terá que encontrar soluções dentro do elenco, será que Longuine, destaque naquele Paulistão com o Audax, que está esquecido e em fim de recuperação no Santos não é o oito escondido que precisará ser recuperado para atuar numa posição que o clube tem enfrentado dificuldades e perdido jogadores? Me parece um luxo, que um clube quebrado não pode ter, pagar salários para jogadores encostados.

Como o próprio Diniz esse não seria uma aposta, assim o como Sasha se tornou realidade na segunda metade de 2019? Veremos, o trabalho só está iniciando e não vamos colocar pressão agora…

Não sou entusiasta de treinador, sou acima de tudo santista, mas como não acredito que são pessoas que fazem a história e o bem estar do clube, desejo sorte ao Diniz e que esse seja o início de uma longa e gloriosa história como o Santos sempre merece.

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