Filha de Peixe
Anita Efraim é jornalista, corredora e geneticamente santista. O amor pelo time, que é herança do pai, vem em todas as formas. Sempre com uma visão humana e crítica sobre um DNA alvinegro.
O Bicho de Sete Cabeças santista
Ariel Holan assistiu o jogo na Vila (Crédito: Ivan Storti/Santos FC) O Santos viveu nos últimos dias uma sucessão de fatos que parecem nem caber no tempo. Aturdido, tento elaborar migalhas de reflexão diante dessa série infrene de acontecimentos decisivos. Em meio a um calendário insano, com jogos disputados em média a cada 48 horas, o clube negociou um dos seus astros (Soteldo), obteve a alforria para contratar novos atletas e ficou sem técnico. Um bicho de sete cabeças! Bem à moda do que estamos acostumados no Brasil, um início de trabalho fez pó e voltamos à estaca zero. O problema é raciocinar em meio a tal turbilhão. A saída precoce de Ariel Holan frustrou as expectativas. O argentino parecia ter o perfil ideal para guiar o clube em um panorama tão peculiar, de forte penúria financeira e sob nova administração. Justamente quando o Santos tem o sinal verde para voltar a buscar reforços, o técnico deixa o cargo. Em poucas semanas [...]
Meu técnico seria o Fernando Diniz. Entenda
Fernando Diniz também já dirigiu o Fluminense (Crédito: Divulgação/Fluminense) Acompanho o trabalho do Fernando Diniz desde muito antes dele aparecer na "grande mídia" ou nos grandes times do Brasil e despertar uma raiva, muitas vezes incompreendida por mim, na imprensa e na torcida. Em 2010, eu trabalhava no Red Bull Brasil e nós perdemos o título da Copa Paulista para o Paulista de Jundiaí, dirigido por Fernando Diniz e com Hernane Brocador no ataque. Foram dois empates em 1 a 1 na decisão, sendo o segundo com um gol do Paulista, o do título, no último lance. Era o segundo título consecutivo de Diniz na competição (ele havia sido campeão em 2009 pelo Votoraty). Em 2012, nos reencontramos de novo, na Série A-2. No confronto pela sexta rodada, o Red Bull Brasil, dirigido pelo ex-goleiro santista Sérgio Guedes, venceu o Atlético Sorocaba, de Fernando Diniz e Luan (ex-Atlético-MG), por 1 a 0, mas nós não ficamos entre os oito e o [...]
A sucessão de erros do Santos com Holan
Projeto de Ariel Holan no Santos durou apenas 12 jogos (Crédito: Guilherme Kastner / Santos FC) Durou apenas 12 jogos o projeto de três anos do Santos com o técnico Ariel Holan. Foram quatro vitórias, três empates e cinco derrotas nesse período e um pedido de demissão após o clássico contra o Corinthians e após "torcedores" soltarem rojões no apartamento do treinador (a Anita Efraim escreve melhor sobre isso aqui). A contratação não foi um erro, a saída talvez não tenha sido, mas nesses 57 dias entre a apresentação do treinador e o anúncio da demissão, Holan e o Santos erraram demais. Alguns erros foram compartilhados, outros cometidos por apenas um lado da relação. Por ordem cronológica, o primeiro erro foi com Soteldo. Depois da classificação diante do Deportivo Lara, dia 16 de março, o jogador recebeu um período de descanso do clube. Era para ser uma folga de quatro dias, mas o atacante só voltou ao clube no dia 1 [...]
Incivilidade vence e Santos perde
Vila Belmiro foi pichada horas depois da derrota contra o Barcelona-EQU (Crédito: Reprodução/Twitter) Ariel Holan pediu demissão e não é mais treinador do Santos. Ele tomou a decisão após “torcedores” soltarem rojões no apartamento onde o treinador vive na Baixada Santista. Holan tomou a decisão de não aceitar a barbárie. A incivilidade venceu. E o Santos perdeu. A nova diretoria pensou em um projeto a longo prazo, contratou um treinador que aceitou todas as dificuldades financeiras que o Santos enfrenta, entendeu que não haveria reforços relevantes. Um cara parceiro, que vestiu a camisa, que acreditou nas palavras do presidente Andres Rueda. O que Ariel Holan não aceitou foi a barbárie. Foi ser hostilizado e agredido, foi ver a própria família em risco após um punhado de derrotas e um desempenho abaixo do esperado. O calendário é insano, o elenco é fraco, as melhores peças do time de 2020 foram embora, com exceção de Marinho e Kaio Jorge, que estão abaixo do que [...]
Holan vê o mesmo jogo do torcedor. Isso é bom
Ariel Holan apontou os problemas do Santos. Agora precisa corrigir (Crédito: Ivan Storti/Santos FC) Trabalho no futebol há mais de 20 anos. Por muitas vezes vi treinadores tentarem brigar com o campo, especialmente nos momentos mais difíceis. Vocês, torcedores, também devem se lembrar de entrevistas de técnicos tentando mostrar algo que só eles estavam vendo. No Santos, o caso clássico era Dorival Jr. Com ele, o time sempre estava evoluindo, embora muitas vezes o campo mostrasse outra coisa. Na coletiva após a derrota para o Novorizontino, o técnico Ariel Holan não brigou com o campo. Mesmo sem apontador o dedo para algum jogador, o treinador destacou os principais problemas apresentados pelo time, especialmente no setor ofensivo: faltou criatividade, faltou movimentação, faltou velocidade na troca de passes, faltou vencer os duelos 1 contra 1 e faltou eficiência na bola parada. Basicamente, faltou tudo. Reconhecer os problemas é o primeiro passo para tentar corrigi-los. Ao cobrar reforços, o treinador também mostra ter percebido [...]
Cinco problemas do Santos e cinco perguntas para Holan
Ariel Holan completou dez jogos no comando do Santos (Crédito: Ivan Storti/Santos FC) O técnico Ariel Holan completou 10 jogos no comando do Santos, com um aproveitamento de pontos abaixo da média (50%), mas com as metas até aqui parcialmente cumpridas (ainda que isso não signifique muita coisa) – avançou para fase de grupos da Libertadores e está na zona de classificação para a próxima fase do Paulistão. O tempo de trabalho é curto (menos de dois meses), mas já dá para fazer um diagnóstico inicial do que precisa ser melhorado. O desafio maior do Santos neste período será passar ileso (ou com poucos arranhões) de um calendário que tem tudo para ser degolador de técnicos. Para quem não se lembra, o Santos encara hoje o Novorizontino em ascensão fora de casa, no domingo o Corinthians em casa e na terça o Boca Juniors em La Bombonera. São três jogos em quatro dias, com direito a duas viagens e a encarar [...]